segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Encosta tua cabecinha no meu ombro e chora

Eu ando chorando pouco, é verdade. Creio que com as lágrimas vão-se todas as mágoas, principalmente aquelas mais bem guardadas; que mais nos impactaram e que mais nos decepcionaram com o outro. Sinto que as lágrimas servem como merthiolate, provocando ardência nas feridas mais simples; ou como morfina, atenuando as dores mais agudas. Chorar, eis a saída!

domingo, 16 de outubro de 2011

O amigo hétero

'As guei' não sabem o que querem da vida. Parece que o cara só pode ser hétero se ele for homofóbico e rejeitar qualquer amizade mais intensa, digamos assim, com um cara denominadamente guei. Um dos meus melhores amigos homens é, inequivocadamente, hétero. Por mais que soe como uma certeza duvidosa, é a mesma certeza que eu tenho de que algumas pessoas são realmente gueis - quando elas são e quando elas teimam em não querer ser. E isso vai além do que qualquer 'radar gay' ou, como muitos dizem, 'gaydar'. Não  vejo mal algum em um cara hétero conviver normalmente com gueis, independente de essa convivência implicar que ele frequente ambientes dominados pela turma do arco-íris.

Não vejo com maus olhos um cara sentir-se lisonjeado com um elogio de outro homem. Eu fico tão contente com um homem me dizendo que sou atraente (o que quase nunca ocorre, é verdade) quanto fico quando uma mulher que me diz o mesmo. Qualquer pessoa que se sinta ofendida com um elogio é babaca. E ser babaca independe de orientação (é esse o termo politicamente correto?) sexual.

Esse amigo de quem comecei a falar sabe de coisas da minha vida que outros amigos gueis não sabem. Já fomos a zilhões de festas sozinhos, já contei a ele sobre inúmeros pseudocasos amorosos, já disse que ele é gostoso e que o irmão dele também é - inclusive solto piadinhas aos montes, sem ser censurado ou ofendê-lo. Nunca forcei a barra. Não por falta de vontade, devo admitir, mas porque não há espaço para isso. E mesmo que houvesse, não sei se saberia lidar com tal situação. E o fato de ele lidar bem com tudo isso, e inúmeras outras coisas, só prova que é possível, sim, todos conviverem de forma harmoniosa. Basta acreditar mais no ser humano. E através dele eu acredito.

sábado, 15 de outubro de 2011

Como perder a reputação em apenas uma pergunta

Em uma palestra sobre DST/Aids na empresa onde você trabalha, que assim como outros eventos ocorre no auditório principal - este, em especial nessa ocasião, lotado -, dirija-se ao palestrante e pergunte:

'Se cair esperma no olho é possível pegar Aids?'

Pronto.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Pé na bunda

Não sei o que é mais frustrante: o pé na bunda que vem a jato ou o pé na bunda que vem a cavalo. Explico.

O pé na bunda que vem a jato é aquele da balada, que você vê o cara, se atrai pelo cara, fica duas horas e meia esperando o melhor momento de abordá-lo, pensa em cantadas de pedreiro (de jardineiro, de porteiro...), vê que não vai dar certo, sabe que não vai rolar, mas quer insistir. Você dança perto do cara, olha para o cara, esbarra nele, sorri para ele... e ele simplesmente lhe ignora, lhe rejeita, lhe esnoba,. Daí você pergunta para o amigo como você chega, daí você chega, e o cara diz: 'eu tenho namorado, só vim aqui pra me divertir'. Aham Cláudia, senta lá!

O pé na bunda que vem a cavalo, literalmente, é mais demorado. Você vê o cara e se atrai por ele. Mas não sabe nome, endereço, rg, cpf ou telefone. Procura no facebook, adiciona, ele aceita, você DÁ TODOS OS SINAIS DO MUNDO QUE ESTÁ A FIM, mas o cara faz de conta que não vê. E aí, todas as vezes em que ele aparece online você puxa assunto, conversa, elogia, pergunta, responde, e ele, ainda assim, não está nem aí. Você vai naquela balada que nunca imaginou encontrá-lo e ele está lá. Vai na festa da sua amiga que você não vê há anos e não sabe por que cargas d'água ele também está lá. Você, trouxa, acredita que é o DESTINO, e que deve insistir, persistir, porque é aquilo que diz o seu amigo mais carente que você. E você acredita. Até que, definitivamente, depois de quase desenhar no muro da frente da casa dele FULANO, EU QUERO FODER COM VOCÊ, ele te chama, vocês fodem loucamente, você urra como uma cadela no cio, ele diz que foi a melhor foda do mundo, você, a essa altura, já está apaixonado, e acredita que encontrou o homem dos seu sonhos e que definitivamente você vai, como sempre quis um dia, namorar. Aí ele não liga no outro dia.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Por um manual de instruções para sexo casual

É uma tarefa hercúlea encontrar alguém para apenas fazer sexo. Não sei qual a ideia que a maioria das pessoas dos sites de pegação ou do chat do UOL tem de sexo casual. Definitivamente nenhum deles consegue entender o sentido literal disso. Eu não preciso saber onde você mora se formos para um motel. Tampouco qual a sua profissão, com quem você mora, quantos irmãos tem ou se sua família sabe que você é guei. Às vezes acho que deveriam criar manuais para essas coisas, porque, embora sejam meramente práticas, pelamor!, tem gente que só funciona assim.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Muita bichice e pouca inteligência

Nada contra quem chega aos 24 e ainda é fã de algum artista/cantor/o escambau. Mas também nada a favor. Principalmente se você chega aos 24 anos e age como aqueles meninos de 12,13 anos que colam pôsteres na parede da porta do quarto, usam fotos como papel de parede do computador e se esguelam na primeira fila do show em uma tentativa frustrada de achar que vai ser notado.

Gostar de ser ridículo é uma opção. Mas obrigar quem quer que seja a aceitar isso já é abuso. Dá uma preguiça danada lidar com gente que parece não ter nada na cabeça. Porque não é normal alguém ser fã de Britney Spears, por exemplo, e ofender-se com o óbvio: a afirmação de que ela não canta. Definitivamente é muita bichice pra pouca - ou nenhuma - inteligência.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

E pá: surpresa!

Eu já estava acostumado com o estilo caixinha de surpresa. Aquela coisa abriu e pá: 'SURPRESA!', surge aquele palhação sorridente e você já louco pra que a brincadeira comece em seguida. Mas daquela vez, não. A caixinha até estava arrumada, com um laço grande e bem feito, do tipo daqueles presentes que você ganha de gente rica. É fato que demorei muito tentando adivinhar o que viria ali dentro. A embalagem, pensei, deveria ser uma grande amostra, pois era grande, pomposa. Já até havia sonhado com aquilo, estranhamente. E a gente sempre espera que os sonhos, na realidade, sejam bem melhores. Recebi o pacote como todo bom anfitrião. Depois de tanto procurar o caminho da abertura, lá estava eu, desfazendo o laço e os olhos brilhando; olhos de garoto quando ganha aquele presente por que esperou o ano todo para receber. Fui com cuidado, é claro, afinal de contas, como toda a surpresa, eu deveria guardar o susto para o momento certo.

Mas o palhaço não saltou. Achei estranho e por isso dei uma mãozinha, fui por um lado, por outro, pra ver se ajudava de alguma forma e ele, assim, mostrava a que veio. Mas não veio. Acontece, né, às vezes as coisas vêm com defeito - ou de fábrica ou provocado por mau uso, como advertem a maioria dos certificados de garantia. Fiquei sem saber o que dizer, afinal, não sei se é de bom tom reclamar de presentes. E aquilo era justamente do que eu precisava naquele dia. Mas não soube disfarçar o desagrado e refiz o embrulho. Disse que a festa havia acabado e que a entrega veio pro meu endereço por engano.