quinta-feira, 6 de outubro de 2011

E pá: surpresa!

Eu já estava acostumado com o estilo caixinha de surpresa. Aquela coisa abriu e pá: 'SURPRESA!', surge aquele palhação sorridente e você já louco pra que a brincadeira comece em seguida. Mas daquela vez, não. A caixinha até estava arrumada, com um laço grande e bem feito, do tipo daqueles presentes que você ganha de gente rica. É fato que demorei muito tentando adivinhar o que viria ali dentro. A embalagem, pensei, deveria ser uma grande amostra, pois era grande, pomposa. Já até havia sonhado com aquilo, estranhamente. E a gente sempre espera que os sonhos, na realidade, sejam bem melhores. Recebi o pacote como todo bom anfitrião. Depois de tanto procurar o caminho da abertura, lá estava eu, desfazendo o laço e os olhos brilhando; olhos de garoto quando ganha aquele presente por que esperou o ano todo para receber. Fui com cuidado, é claro, afinal de contas, como toda a surpresa, eu deveria guardar o susto para o momento certo.

Mas o palhaço não saltou. Achei estranho e por isso dei uma mãozinha, fui por um lado, por outro, pra ver se ajudava de alguma forma e ele, assim, mostrava a que veio. Mas não veio. Acontece, né, às vezes as coisas vêm com defeito - ou de fábrica ou provocado por mau uso, como advertem a maioria dos certificados de garantia. Fiquei sem saber o que dizer, afinal, não sei se é de bom tom reclamar de presentes. E aquilo era justamente do que eu precisava naquele dia. Mas não soube disfarçar o desagrado e refiz o embrulho. Disse que a festa havia acabado e que a entrega veio pro meu endereço por engano.

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